domingo, 31 de janeiro de 2016

Paradoxos

Tempo bom aquele em que a gente abria os jornais para se inteirar da realidade e ia ao cinema para fugir dela. Esse tempo já era (se é que um dia ele foi). Hoje o absurdo anda tão banalizado que, se Lewis Carroll fosse nosso contemporâneo, não faria Alice viajar até um país distante para comemorar com o Chapeleiro o desaniversário dela. A menina cantaria parabéns neste mundinho desmaravilhado mesmo, talvez acompanhada de algum armani de Wall Street. Aqui o buraco do coelho é mais embaixo.

Aqui um filmão estrelado por Christian Bale, Steve Carell e Brad Pitt bota as mãos inteiras nas feridas do capitalismo – ao investigar causas e consequências da crise imobiliária detonada em 2008 nos Estados Unidos – e a velha imprensa tupiniquim usa até os pés para aplaudir o livre mercado, responsável pela “reação” norte-americana depois do crash de oito anos atrás.

Dirigido por Adam McKay, A grande aposta não é para pequenos investidores. Inflacionado de termos caros ao universo financeiro, exige do espectador vultosas quantias de atenção do primeiro ao último minuto. Meus neurônios quase pediram falência após a sessão. Só não o fizeram porque o roteiro escrito pelo próprio McKay e Charles Randolph é hábil ao apostar no humor enquanto apresenta os descaminhos de uma tragédia que poucos previram.

Um bônus de palmas para a ideia divertida de convidar celebridades como a atriz Margot Robbie, o chef Anthony Bourdain e a cantora Selena Gomez para traduzir certas expressões do economês. Miriam Leitão que se cuide.

De qualquer forma, com ou sem a ajuda desses “especialistas”, o importante ali é menos o entendimento fino desta ou daquela operação na bolsa – praticamente impossível para leigos – e mais a compreensão do quão selvagem é o sistema financeiro. Um sistema cuja existência só se torna possível graças à ganância desregulada das corporações (sublinhada na sequência em que o personagem de Byron Mann conversa com o de Steve Carell), à ignorância do grande público (que pode acabar debaixo da ponte, como se vê numa rápida cena), à cumplicidade míope das agências de risco (os óculos da representante da Standard & Poor’s falam por si sós), à omissão conveniente da mídia (também formada por corporações) e ao suporte do Estado.

Fica bem claro, ao final do longa, que a fatura daquela joint-venture fadada ao desastre caiu no colo dos contribuintes americanos – e eles a continuam pagando até hoje.

Embora os meios de comunicação de massa venham espalhando que os Estados Unidos ensaiam uma recuperação da crise em razão de uma “economia de mercado assentada numa sólida democracia representativa e numa sociedade aberta” (o trecho aí foi retirado de um recente editorial do jornal O Globo), o que se tem visto é o aprofundamento da desigualdade por aquelas bandas. Em Nova York, por exemplo, o número de moradores de rua quase dobrou na última década – um fenômeno que tem se repetido em outras grandes cidades americanas.

Ou seja, enquanto nossas manchetes exaltam a retomada da atividade econômica na América – o reino de todas as virtudes, a terra das oportunidades, o modelo de nação a ser seguido por qualquer país que deseje prosperar –, ao mesmo tempo ocultam o destino da riqueza gerada: os endereços mais caros da Park Avenue.

Por essas e outras, não me espanto ao ver tantos que dependem do transporte público esbravejarem por causa de 0,2% da CPMF – imposto que recai também sobre os milionários – e emudecerem sobre os 10% a mais na passagem de ônibus ou sobre as manifestações de jovens contra esse aumento abusivo. O que esperar de quem foi domesticado, desde priscas eras, a buscar informação apenas naquele noticiário espremido entre as novelas?

Não é à toa que o abismo entre o 1% mais rico e os 99% mais pobres só aumenta: nos 99% existe (muita) gente defendendo quem está no 1%. É alice de mais bajulando a Rainha de Copas sem se dar conta de que sua cabeça pode ser a próxima a rolar.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Profissão repórter

Recentemente, o jornal O Globo defendeu em editorial a “modernização” da legislação trabalhista como saída para “preservar os empregos atuais” e “acelerar a criação de novos”. Não satisfeito em acusá-la de “arcaica”, afirmou ainda que a CLT (a Consolidação das Leis do Trabalho) tinha sido inspirada “no fascismo de Benito Mussolini”, numa clara tentativa de demonizá-la ao relacionar sua origem a um regime totalitário.

À época, comentei com amigos que a história se repetia; bastava um momento de crise econômica para que os grupos midiáticos – grandes empresas que vivem do dinheiro de outras grandes empresas (os anunciantes) – apontassem como solução de todos os problemas o ataque aos direitos adquiridos dos trabalhadores. Brinquei ainda que logo, logo iam recomendar a volta da escravidão como antídoto contra o desemprego: casa, comida e trabalho garantidos até o fim da vida.

Seguindo uma tradição de décadas – vide a antiga capa da mesma publicação em que se anunciava o quão desastrosa seria para o país a criação de um décimo terceiro salário –, o jornalismo brasileiro de massa tem, com poucas exceções, assumido cada vez mais a posição de mero hipermercado de factoides e reles assessoria de imprensa da elite econômica e do capital financeiro.

Outro exemplo? Matéria publicada também em O Globo, há algumas semanas, sobre o número de acidentes nas rodovias federais. Entre suas principais causas, eram apontados “o despreparo dos motoristas e a falta de manutenção dos veículos”, mas não era mencionada a batida combinação direção + bebida alcoólica. Às vésperas do Carnaval – período em que, provavelmente, as cervejarias gastam fortunas ainda maiores com publicidade –, talvez não fosse conveniente fazer tal associação.

Diante de um cenário desses, em que o negócio vale mais que a notícia, fico imaginando quantas histórias de abuso sexual envolvendo padres deixariam de vir à tona se o editor Marty Baron, recém-chegado ao The Boston Globe, tivesse recuado ao ouvir de um superior que mais da metade dos leitores do jornal era católica. Pois ele não só ignorou a pressão do chefe e do mercado, como ainda escalou seu melhor time de jornalistas – o Spotlight que dá título ao filme de Tom McCarthy, indicado a seis Oscars – para investigar os crimes de pedofilia cometidos por párocos na capital de Massachusetts.

Baseado em fatos que ocorreram nos idos de 2001 – quando a internet começava a disputar “consumidores” com a mídia impressa, o que torna a decisão de Baron (Liev Schreiber) ainda mais admirável –, o longa mostra a equipe formada por Walter Robinson (Michael Keaton), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams), Matt Carroll (Brian d’Arcy James) e Mike Rezendes (Mark Ruffalo) descendo aos porões de casos aparentemente isolados e, de repente, descobrindo a máfia que sobrevivia graças à cumplicidade entre o alto escalão da Igreja e a sociedade local.

Uma fala do advogado Mitchell Garabedian (Stanley Tucci), veterano em assistir as vítimas dos estupros, ilustra bem a situação: “If it takes a village to raise a child, it takes a village to abuse them. That’s the truth of it” (“Se é necessária uma aldeia para criar uma criança, é necessária uma aldeia para abusar dela. Essa é a verdade”).

Verdade que os integrantes do Spotlight perseguem com tanta dedicação que mais parecem exercer um sacerdócio – o que não deixa de ser irônico, levando-se em conta quem eles investigam. Coerentemente, o roteiro do próprio McCarthy e de Josh Singer pouco se interessa por suas vidas pessoais. De Robinson, sabemos que joga golfe; de Sacha, que tem uma avó religiosa; de Matt, que se preocupa com os filhos; de Mike, que corre nas horas de folga até... o trabalho.

Eixo de uma narrativa sem floreios e (quase) sem humor, a busca do quarteto – que exige meses de pesquisa, apuração, entrevistas – alcança ainda mais relevo em razão da ausência de perseguições alucinantes, melodramas artificiais ou quaisquer outros artifícios que pudessem desviar a atenção da plateia. Recursos mais sutis ajudam a sublinhar a dimensão da empreitada, como a presença de templos católicos no fundo de várias sequências ao ar livre, o que sugere uma atmosfera de ameaça constante.

Ao final da projeção (em que é relatado, entre outros desfechos, o inacreditável destino de certo cardeal, suspeito de acobertar os pecados de seus padres), o espectador sai do cinema com a certeza de ter acompanhado uma lição de bom jornalismo – coisa rara em tempos de tabloides cada vez mais angustiados com o número de cliques em seu crescente conteúdo online. Não por acaso, o que deveria ser usado como instrumento importante da democracia tem dado lugar a manchetes sensacionalistas (muitas vezes fruto de acusações sem provas) e artigos de meia página cuja relevância só não é maior do que a das inspiradas notinhas dos cadernos de entretenimento.

Sempre dispostas a advertir o leitor de que “Caetano atravessa rua no Leblon” ou de que “Chico compra baguetes para o lanche da tarde”.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Participação especial

Podem me botar no tronco que eu aceito as chibatadas: não tenho um disco de David Bowie nem conheço sua obra a ponto de me declarar seu fã. Mas, de repente, o que ia ser um tweet – ou no máximo um parágrafo no Face – lamentando sua morte virou um texto maior. É que, ao passar o espanador nas minhas memórias, descobri que o tal Camaleão fez mais parte delas do que eu imaginava.

A primeira lembrança é paisagem de que a gente mal enxerga o contorno: a única janela está fechada e o vidro embaçou com a tempestade. Restam pouquíssimos flashes daquele sonho chamado Labirinto: a magia do tempo, filme de 1986 (eu tinha seis anos) estrelado por um Bowie rei dos duendes. Da história, quase nada ficou – mas não esqueço a sensação de estar perdido num desenho de Escher, subindo e descendo escadas que levam e não levam a castelos de areia.

Me ocorreu agora: poucos artistas completam tão bem a expressão “estrelado por”. Culpa do brilho e glamour da entidade Ziggy Stardust (um dos muitos Bowies) cantando “Starman”. Vejam só a coincidência: o hit voltou recentemente ao meu mp3 graças à trilha sonora do ótimo Perdido em Marte – longa de Ridley Scott sobre um astronauta que, depois de um acidente, se encontra ilhado no planeta vermelho. Que canção no universo seria mais adequada para vestir a saga de um náufrago das estrelas?

Outros dois dos meus filmes favoritos ever têm a participação do homem que caiu na Terra e trouxe com ele sua música sideral: Moulin Rouge e Dogville. É do outro mundo a sequência em que Satine e Christian entoam o refrão de “Heroes” em meio àquela Paris feérica de Baz Luhrmann. Do nosso mundo, infelizmente, são as imagens de uma América nada feérica – fotografias da miséria nos Estados Unidos que Lars Von Trier emoldura, nos créditos finais, com a toada alegre de “Young Americans”.

Não importava o espaço: era sempre infinito se ocupado por Bowie. Podia estar quase irreconhecível nos minutos em que irrompia como o inventor Nikola Tesla em O grande truque, filmaço de Christopher Nolan sobre a rivalidade entre dois mágicos. Podia estar dividindo e somando um clássico do pop – “Under pressure” – com ninguém menos que Freddie Mercury e companhia.

Quem sabe não resida aí o legado do poeta cuja obra se confunde com uma constelação: seus versos deixam um rastro de poeira (cósmica?) em nossas vidas mesmo que não nos demos conta disso. Como o mormaço que tatua o rosto da gente feito um raio, ainda que não avistemos – porque entre nuvens – a maior das estrelas.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Policiais da verdade

Escoltado por orientandos, famoso historiador cerca professor em saída de restaurante e o xinga por sugerir mudanças no currículo escolar.

Qualquer semelhança com o episódio pitbulls do Leblon versus Chico não é mera coincidência. Juro que imaginei a cena depois de ler o artigo de Marco Antonio Villa, publicado no jornal O Globo no último dia 5, em que o uspiano vocifera contra a chamada Base Nacional Comum Curricular – que altera os programas dos ensinos fundamental e médio (os antigos primeiro e segundo graus).

Já adianto logo: não sou formado em História; não tenho mestrado em absolutismos nem doutorado em rebeliões; não entendo muito de ditaturas e democracias – só o mínimo para não confundir golpes com revoluções, militares com salvadores da pátria. Mas sei ler. E sou chato.

E não me conformei ao ver o nobre Villa insinuar em seu texto que os alunos do primeiro ano do ensino médio vão estudar apenas os “mundos ameríndios, africanos e afro-brasileiros”. Uma pesquisa rápida na Base Nacional e encontro para a referida série – logo no primeiríssimo item – a orientação de que fontes históricas sejam utilizadas “para construir conhecimentos sobre as culturas africanas, afro-brasileiras, ameríndias e europeias”. Isso mesmo. Eu-ro-pei-as.

Teria o historiador deliberadamente omitido o último adjetivo (último só porque se privilegiou a ordem alfabética) para adequar a realidade ao que desejava dizer? Eu queria acreditar que não. Queria mesmo. Mas suas palavras sangram tanto preconceito contra a cultura não europeia – “a proposta”, diz ele, “é um culto à ignorância” – que lhe dou, nesse caso, o malefício da dúvida.

As linhas correm e o renomado mestre afirma que, “da herança greco-latina, os nossos alunos nada saberão”. Só se o professor do terceiro ano ignorar o ponto que sugere “valorizar os patrimônios materiais e imateriais de povos europeus e asiáticos, tais como gregos, romanos, fenícios e mesopotâmicos, reconhecendo os legados culturais e as diversas formas de se relacionarem com a Estética, a Ética e a Política”. O leitor perdoe os itálicos daqui em diante: são dedicados aos míopes.

Villa também se mostra preocupado com o “apagamento” da história norte-americana – só recuperada, segundo ele, para lembrar “a região onde esteve presente a escravidão”. Aqui seus olhos devem ter cochilado (com certa razão, já que o documento é repleto daquele pedagogês com alto teor sonífero) e deixado escapar as passagens que se referem à colonização inglesa nas Américas e à independência dos Estados Unidos, ambas no segundo ano.

Em relação à história do Brasil, o ilustre doutor sentencia que “os policiais da verdade” não a perdoaram: “os movimentos pré-independentistas – como as Conjurações Mineira e Baiana – não existiram, ao menos no novo currículo”. Corrigindo: ao menos no novo currículo do ensino médio. Sei que o professor – por falta de tempo ou ingenuidade – resolveu se concentrar somente no velho segundo grau. Mas bastava uma visita ao sétimo ano (do ensino fundamental) para esbarrar no tópico que orienta a “inferir, a partir de fontes diversas, as motivações e as consequências de conflitos entre poderes locais e poder central no Brasil expressos em movimentos como a Revolta de Beckman (1684), a Inconfidência Mineira (1789), a Inconfidência Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798)”.

Bastava, igualmente, uma passadinha no programa do nono ano para constatar que a economia cafeeira não só não foi desconsiderada (Villa afirma isso), como ainda a colocaram – sabe-se lá por que motivo – com as iniciais maiúsculas: “Conhecer e compreender a crise da Economia Cafeeira, no século XX, por meio do estudo da pauta de exportações brasileiras na primeira metade daquele século e do lugar do Brasil no comércio mundial”.

Da mesma forma, essa consulta aos descritores do ensino fundamental evitaria as aberrações ditas a respeito da história geral, como a afirmação de que “o Renascimento – em todas as suas variações – foi simplesmente ignorado”. Oitavo ano: “Reconhecer a expansão ultramarina como parte da reformulação das ideias proporcionada pelo Renascimento europeu, por meio do estudo das inflexões ocorridas no campo das Artes e da Ciência”. Evitaria também a “informação” de que a Revolução Francesa não é citada uma vez sequer no documento. É citada, sim. Duas vezes pelo menos. De novo o oitavo ano: 1) “Reconhecer os nexos entre o processo de Independência e as transformações ocorridas na Europa, por meio do estudo da Revolução Francesa e seus desdobramentos no campo político”; 2) “Reconhecer as incorporações do pensamento liberal no Brasil, por meio do estudo do pensamento liberal expresso na Revolução Gloriosa e na Revolução Francesa”.

Eu poderia listar outros exemplos da desinformação promovida pelo historiador em sua crítica. Poderia até sublinhar com mais força o sentimento reacionário de quem considera “sanha anticivilizatória” uma visão menos eurocêntrica do mundo. Mas paro por aqui – certo de que já abarrotei o leitor com evidências suficientes de que o texto “recheado de equívocos” e de “panfletarismo barato” (é assim que Villa classifica a Base Nacional) não foi aquele escrito pelos professores que assinaram as propostas desse novo currículo escolar.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Espaço exclusivo

Já imitou o som dos sabres de luz enquanto duelava com um Sith imaginário? Não?! Já passou por aquela porta automática do shopping e usou a Força para abri-la? Nunca?! Já se pegou assobiando mentalmente a Marcha Imperial ao topar com um discurso fascista, infelizmente tão comum nos dias de hoje? Também não?! Você pelo menos sabe quem é o pai de Luke Skywalker? Não sabe?!

Então o sétimo episódio de Star Wars (O despertar da Força) e este texto não te pertencem. Vejo você na próxima semana.

A quem ficou: arrepiei todas as memórias de a-long-time-ago quando aquele logo lindo surgiu na tela acompanhado do tema clássico de John Williams. De repente, o Han Solo estava lá. A Leia estava lá. O Chewie estava lá. O C-3PO estava lá. O R2-D2 estava lá. A Millenium Falcon estava lá. Os stormtroopers estavam lá. Uma superultramegablaster Estrela da Morte estava lá.

O Jar Jar Binks (ufa) não estava lá.

Merecedor de todos os aplausos J. J. Abrams é. O diretor conseguiu mesclar o velho e o novo com equilíbrio. De um lado, respeitou aspectos marcantes da série – a trilha sonora, aquelas “cortinas” fazendo a transição entre as cenas, os atores vestidos de criaturas alienígenas – e ainda copiou parcialmente a estrutura narrativa de Uma nova esperança (desde o droide que cai num planeta desértico até a explosão de certa arma de destruição em massa). De outro, apostou em protagonistas jovens, capazes de dialogar com o público adolescente. Destaque para o vilão Kylo Ren (Adam Driver, mais ameaçador com a máscara e a voz modificada), o ex-stormtrooper Finn (John Boyega) e a catadora de lixo Rey (Daisy Ridley).

A moça, de quem ainda não conhecemos a origem, transpira carisma e energia. Uma heroína que – para horror dos machistas de plantão – não precisa da mão de um homem para correr. Seus olhos brilham como os dos fãs: enxergam o passado com reverência e familiaridade. Como se um de nós subitamente fosse jogado no meio daquelas batalhas entre starfighters e caças do Império (ou da Primeira Ordem).

O filme guarda ainda duas sequências que rivalizam com as melhores da trilogia original (e, se o nobre padawan não quiser saber quais são, não ultrapasse o próximo ponto). A primeira acontece sobre uma ponte, envolve um embate entre Han Solo e Kylo Ren e é concluída quando a base Starkiller termina de sugar a energia de um sol, mergulhando o cenário – e um dos personagens – na escuridão. Já a segunda ocorre numa ilha, dispensa palavras (literalmente) e é cercada de (re)encontros – inclusive da plateia com um herói lendário. Impossível não deixar o cinema com os midi-chlorians em ebulição.

E a certeza de que aquela galáxia já não está mais muito, muito distante.