quinta-feira, 7 de junho de 2012

A festa da boa vizinhança

Faz uns cinco minutos que meu queixo caiu. Acabei de saber, graças ao sempre bem informado Jaimito Porteiro, que Seu Ramon e Dona Florinda, vizinhos meus de porta e tantas datas, estão se divorciando. Vinte e seis anos de união, quatro filhos, bodas de prata comemoradas no salão nobre do Tijuca Tênis Clube, fotos felizes sobre aquele bufê cafona da sala de jantar.

E agora fico me perguntando o que teria provocado a separação. Pareciam tão feitos um para o outro. Como Roberto e Erasmo, Lennon e McCartney, Tom e Vinicius, Batman e Robin, Tom e Jerry, Piu-Piu e Frajola, Adão e Eva, Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Tarcísio e Glória, Didi e Dedé, Evo e Chávez, Cabral e Paes.

Quem sabe apareceu uma Clô na vida dele. Ou um Frederico na vida dela. Ou um Frederico na vida dele. Ou uma Clô na vida dela. Ou uma Rosa Rumorosa na vida dos dois. Não, acho que não. São muito tijucanos para admitir uma terceira escova de dentes na suíte. Não topariam um ménage à trois. A não ser à trois croissants – no Café Palheta.

Quem sabe surgiu uma dívida ou uma herança. Dinheiro – ou a falta de – pode quebrar a banca das melhores famílias. Não, também acho que não. Seu Ramon foi funcionário do Tribunal de Contas por décadas; e Dona Florinda, professora de matemática por... por que alguém resolve dar aula? E de matemática? Eu, hein. O fato é que, de números, o casal entendia.

Quem sabe... tocou a campainha. Dona Florinda. Olhos vermelhos, tadinha. Estava vendendo o tal bufê cafona. Sondei a razão que a levava a se desfazer de peça tão singular. E ela contou que o marido, após uma discussãozinha boba, jogou em sua cara ter aturado aquele monumento de mau gosto mais tempo do que devia.

Meu queixo, caído, despencou. Por pouco não fiz uma oferta pelo objeto. Cheguei a cogitar um cantinho para ele na sala. Da casa da minha sogra.

Mas logo desisti. Seu Ramon e Dona Florinda não mereciam uma linha de atenção e fofoca – quanto mais uma crônica só deles. Afinal, há coisa de ano e meio infringiram uma lei fundamental da boa vizinhança: esqueceram-se de convidar o vizinho de porta e tantas datas para suas bodas de prata, comemoradas no salão nobre do Tijuca Tênis Clube.

Um comentário:

  1. Fiquei meio perdido lendo esse texto, é surreal??


    http://futeblog-blogmaster.blogspot.com.br/

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